Flávia Miller Naethe Motta

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Realizou Pós-Doutorado em Educação na Universidade Federal Fluminense. Professora Associada do Departamento de Educação e Sociedade. Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Ministra a disciplina Psicologia e Educação. Psicóloga Escolar. Coordenadora do GEPELID – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Linguagem, Infâncias e Diferença que desenvolve os projetos de pesquisa: “O que dizem as crianças sobre viver no exílio: estudo com crianças refugiadas sobre a experiência de diáspora” e “O ano que o mundo parou: conversas crianças e adultos sobre a educação online”.

 

LINHA DE PESQUISA

  • Linha 1: Estudos Contemporâneos e Práticas Educativas.

 

GRUPO DE PESQUISA

  • Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguagem, Infâncias e Diferenças – GEPELID

Coordenação: Flávia Miller Naethe Motta e Carlos Roberto de Carvalho.

O GEPELID nasce na Baixada Fluminense no Campus de Nova Iguaçu da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Desdobra-se do GRUPIs – Grupo de Pesquisas Infâncias até os 10 anos a partir da opção de alguns de seus pesquisadores por um referencial teórico metodológico bakhtiniano. Tendo a infância como mote, ampliou sua atuação para pesquisas que se voltam também à formação docente. Atualmente o Gepelid é composto por doutoras, doutorandas, mestres, mestrandas, graduadas e graduandos, e discentes em Iniciação Científica

Site do Grupo de Pesquisa: https://gepelid-ufrrj.blogspot.com/

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCgdJDCL-SatXqV6kIPNT0Hw

 

PROJETOS DE PESQUISA

  • O Ano em que o Mundo Parou: Conversas com Crianças e Adultos sobre a Educação On-line

Período: (2021 – Atual)

Esse projeto de pesquisa situa-se no campo dos estudos da criança e da formação docente, em articulação com as questões da educação online. O eixo que os aproxima tem origem na pandemia de Covid-19 e nas demandas por ela trazidas para a atuação dos(as) professores(as), com consequências nas vidas das crianças que diante do desafio posto, se puseram a produzir suas próprias compreensões. Trataremos então das três esferas, considerando que elas se encontram profundamente impactadas pelos acontecimentos contemporâneos. Pretendemos contribuir para a análise da experiência brasileira de educação online decorrente da pandemia de COVID-19 a partir da perspectiva dos sujeitos envolvidos: crianças, docentes e familiares. Quais são as narrativas desses sujeitos para as práticas adotadas como alternativa pedagógica ao isolamento social imposto aos sujeitos na tentativa de se preservarem vivos? Para as especificidades da produção do conhecimento na área das ciências humanas, destacamos uma que receberá atenção na presente pesquisa: a abordagem dos sujeitos da pesquisa – crianças e adultos – pelo pesquisador compreendida como ato dialógico. Mesmo na virtualidade o diálogo é possível e a enunciação se dará a partir das visões de mundo, interações e vivências que os envolvidos apresentam e os aspectos extra verbais (tempo de demora de uma resposta, o silêncio, o uso de emojis, entre outros) enunciam tanto quanto os conteúdos verbais. Vamos escutar nossos outros adotando como perspectiva metodológica o gênero conversa. Nessa interação nos interessa tanto a construção da compreensão que pressupõe a alternância dos sujeitos do discurso e onde ambos apresentam capacidade de resposta. Nossa pesquisa trará então as conversas com os adultos, com as crianças, com os autores que nos apoiam nas reflexões teóricas e ainda com o outro presumido, aquele que se apresenta no grande tempo ou no grande diálogo. Uma vez no campo virtual, serão utilizadas estratégias de registro através de cadernos de campo, fotografias/prints de tela, vídeo-gravação, gravações de áudio, sem perder de vista, os estudos que buscam cunhar uma metodologia de pesquisa com crianças, considerando os aspectos éticos que envolvem a questão.

 

  • A Experiência da Diáspora: Crianças Refugiadas ou Solicitantes de Refúgio na Baixada Fluminense/RJ

Período: (2019 – Atual)

A pesquisa investiga, a partir da perspectiva dos sujeitos crianças, a experiência de saída de sua terra natal (Venezuela) por questões econômicas ou políticas e a vida na condição de refugiado/asilado no Brasil. Para tal, pretendo compreender os enunciados infantis sobre a experiência de saída de seus países de origem; identificar de que forma as crianças apresentam a forma como vivem como no Brasil e analisar através da cultura de pares como as crianças (re)constroem suas identidades (ou incorporam novos elementos culturais e linguísticos às suas subjetividades) num país estrangeiro. Para tal, os aportes teóricos situam-se nos estudos das infâncias e das crianças em busca de uma epistemologia que rompa a lógica adultocêntrica ainda muito presente quando se trata dos sujeitos de pouca idade. Metodologicamente o projeto adota como referencial teórico metodológico os estudos de Bakhtin e seu círculo considerando que a especifidade das ciências humanas está na relação entre o pesquisador e sujeitos expressivos, falantes.

Financiamentos: Bolsa PNPD Capes (2019), bolsas de Iniciação Científica CNPq (2020, 2021)

 

  • Em Busca de Uma Heterociência: Ética, Estética e Epistemologia Numa Perspectiva Bakhtiniana das Ciências Humanas

Período: (2017 – 2021)

As implicações da adoção do pensamento do filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin para as especificidades da produção do conhecimento na área das ciências humanas. De início destacamos duas que merecem especial atenção: a abordagem dos sujeitos da pesquisa pelo pesquisador compreendida como ato dialógico e a apresentação das compreensões obtidas a partir da pesquisa submetida ao gênero texto acadêmico pensado de forma “alargada” para comportar aspectos relativos à autoria. Já há tempo que a metodologia de pesquisa em ciências humanas vem sendo questionada em busca de uma melhor aproximação da pesquisa aos seus objetos. Charlot (2006) aponta duas distinções fundamentais entre as ciências ditas duras e as do homem e da sociedade, seriam seus pontos de partida e sua memória. Enquanto as ciências “duras” partem de seu ponto de chegada, sendo de tal forma cumulativas, as ciências humanas e sociais avançam a partir de seus pontos de partida. “Quando há avanço nessas ciências é porque foi proposta uma outra forma de começar (e porque se prova que ela produz resultados) …” (p. 17). Para Bakhtin (2011) a especificidade das ciências humanas precisa considerar que elas tratam da relação entre o pesquisador e sujeitos expressivos, falantes. Nesse caso, aquele que busca conhecer não faz a pergunta a si mesmo ou a um terceiro, na presença de um objeto mudo, coisa morta, mas o faz diretamente àquele que pretende conhecer (p. 394). As dimensões ética e estética se conjugam nas ciências humanas para dar origem à epistemológica – arte, vida e conhecimento. A tripla dimensão da cultura atravessa a tudo na existência humana e vai marcar os atos como irrepetíveis e de total responsabilidade do sujeito. Amorim (2007) afirma o caráter conflitual e problemático de nosso campo de pesquisa que acarreta compreender que a transparência não existe no discurso próprio, nem no do outro. Este projeto pretende então tratar teoricamente das consequências de adoção de um modelo outro de ciências humanas e dialogar com os trabalhos de pesquisa de nossos doutorandos, mestrandos e graduandos, a partir de um estudo aprofundado de Mikhail Bakhtin e autores que o tomaram como referência para pensar suas produções assim como leitura de obras literárias para compreensão do próprio arcabouço conceitual e teórico da reflexão bakhtiniana no campo das ciências humanas.